‪+55 11 93215‑2598‬   Endereço: Av. Brigadeiro Faria Lima, 1597, sala 1009, 10o Andar. SP.  

ARTIGOS E PUBLICAÇÕES

O período gestacional consiste em uma etapa da vida em que a mulher se volta para seu interior, mais atenta às mudanças que ocorrem no seu organismo. Em geral, o parceiro e os familiares se preparam e se organizam para receber um novo ser.

Nos últimos anos a mulher ultrapassou limites, conquistou espaço na sociedade, adquiriu independência financeira e liberdade de expressão. Atualmente, muitas mulheres têm conciliado atribuições e responsabilidades profissionais, sociais e domésticas com o desempenho da maternidade.

A dupla ou tripla jornada de trabalho da mulher pode favorecer ao que se designa o mal do final do século, o stress. De acordo com muitas pesquisas realizadas, já se conhece, em parte, a sintomatologia do stress, seus efeitos e alguns dos seus elementos desencadeadores.

A mulher gestante vive uma experiência particular, singular e muito reveladora. Aceitar a presença de outro ser se desenvolvendo dentro de si, com vida, ritmo, movimentos, sexo e características próprias e independentes não é uma condição simples e fácil, significa aceitar uma autonomia que simultaneamente é de total dependência. A gestação é uma fase de mudanças hormonais, físicas e psicológicas na mulher que pode causar incerteza, medo e ansiedade (Caron, 2000). Deste modo, a realização do pré-natal é fundamental, inclusive o acompanhamento psicológico, na profilaxia e tratamento quando necessário.

As recentes pesquisas alertam para a importância do período pré-natal para o desenvolvimento da criança. A Psicologia também estuda esta etapa do desenvolvimento humano e suas implicações para mãe, feto, criança e adulto.

Wilheim (1997) menciona que o pré-natal, período que compreende a gestação de um feto até o momento de seu nascimento. E os exames realizados neste período visam manter a integridade das condições fetais e bem-estar da mãe. A psicologia pré-natal possibilita o estudo do comportamento e acompanhamento do desenvolvimento evolutivo do ser humano, no período anterior ao parto.

Alguns estudos têm alertado para fatores que podem influenciar o desenvolvimento gestacional e o resultado da gravidez, tais como stress psicológico (Hedegaard, Henriksen, Sabroe e Secher, 1993; Torrezan, 1994 e 1999 e Silva, 2001), às alterações fisiológicas da gravidez (Rezende, 1995), discórdia marital (Brown, 1994 e Torrezan, 1994),  eventos estressantes da vida (Sjöström, Thelin, Valentin & Marsál, 1999) e Rini; Dunkel-Schetter; Wadhwa e Sandman, 1999) e  ansiedade materna (Wilheim, 1997; Silva, 2001 e O’Connor, Heron, Golding, Beveridge e Glover, 2002). 

O processo fisiológico do stress no organismo da gestante favorece o aumento dos níveis de hormônios que contribuem para a constrição dos vasos sanguíneos da placenta, dificultando a transmissão dos nutrientes e oxigênio para o feto, de modo a prejudicar o seu crescimento. Wilheim (1997) acrescenta que as catecolaminas que são liberadas pelo organismo materno, em momentos de stress, podem ultrapassar a placenta e provocar no feto um estado de perturbação, tais como sensações de pânico ou angústia profunda, semelhante ao sentido pela mãe. Além disso, o stress materno pode influenciar nas contrações uterinas, complicações no momento do parto e desenvolvimento da criança. Estudos mostram que o stress materno, principalmente, vivenciado no final da gestação pode favorecer a vulnerabilidade a doenças nos seis primeiros meses de vida da criança (Torrezan-Silva, 2001) e também, pode influenciar no temperamento da criança (Niederhofer e Reiter, 2004). 

Ressalta-se que a importância do pré-natal e o acompanhamento psicológico especializado no treino de controle de stress que contribui, também, na prevenção dos efeitos negativos do stress para a mulher e seu filho. O estudo de Torrezan (1999) comprovou a eficácia do treino de controle de stress em uma amostra de gestantes, avaliadas antes e depois do parto. Este treino mais uma vez concorda com os resultados efetivos do Treino de Controle de Stress, proposto por Lipp (1991, 1997, 2000, 2002, 2003) especialista na área do stress.

 

Referências Bibliográficas

Brown, M. A. (1994).  Marital  discord  during  pregnancy:  A  Family systems  approach. Journal    Family   Systems  Medicine. 12 (3):221-234.

Caron, N.A. (2000). O ambiente intra-uterino e a relação materno-fetal. In Nara Amália Caron (Orgs) - A Relação Pais-Bebê da observação à clínica. São Paulo. Ed Casa do Psicólogo: 119-134.

Hedegaard, M. Henriksen, T. B., Sabroe, S. & Secher, N. J. (1993).Psychological distress in pregnancy and preterm delivery. BMJ. Revista Brasileira de Medicina. 307(6898): 234-239.

Lipp, M.E.N. Romano, A. S A P. F. & Nery, M.A. Covolan e M.J.G.S. (1991). Como enfrentar o stress.São Paulo:Ed. Ícone.

Lipp, M. E. N. et al. (1997). Relaxamento para Todos. Campinas, São Paulo: Ed. Papirus.

Lipp, M. E. N. et al. (2000). O Stress está dentro de você. São Paulo: Ed. Contexto.

Lipp, M. E. N. (2002). O stress e a beleza da mulher. São Paulo: Connection Books.

Lipp, M. E. N. et al. (2003). Mecanismos Neuropsicofisiológicos do stress. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Niederhofer, H. & Reiter, A. (2004). Prenatal maternal, prenatal fetal movements and perinatal temperament factors influence behavior and school marks at age of 6 years. PMID: 14764962 . Pudmed - in process.

O'Connor, T.G., Geron, J., Golding, J., Beveridge, M. & Glover, V. (2002). Maternal antenatal anxiety and children’s behavior/emotional problems at 4 years. Report from the Avon Longitudinal  Study of Parents and Children. Br. J. Psychiatry; 180: 502-8, Jun.

Rezende,  J.  (1995).  A  gravidez.  Conceito.  Duração.  In   Jorge Rezende (Eds). Obstetrícia.  7a  Ed.  Rio  de  Janeiro:  Editora Guanabara Koogan S/A. (6): 108 - 115.

Rini, C.K., Dunkel-Schetter, C., Wadhwa, P.D. & Sandman, C.A. (1999). Psychological adaptation and birth outcome: the role of personal resources, Stress, and sociocultural context in pregnangy. Departamento de Psicologia da Universidade da Califórnia, Los Angeles. Heslth Psychology: 18 (4):  333-45, jul.

Sjöström, K; Thelin, T; Valentin, L & Marsál, K. (1999). Do pre, early, and Mid-pregnangy life events influence gestacional lenght? Journal Psychosom Obstet Gynecol; England; 20 (3): 170-6. Sep.

Torrezan-Silva, E. A.T. (2001). O stress e suas Implicações para o Desenvolvimento

da Criança. Pós-Doutorado PUC-Campinas/FAPESP: 121.

Torrezan, E. A. (1994). Stress e Gravidez: Fontes, Sintomas e Estratégias. Dissertação de Mestrado. Campinas: PUC-Campinas: 81.

Torrezan, E. A. (1999). O Efeito do Controle do stress no resultado da Gravidez. Tese de   Doutorado. Pontifica Universidade Católica  Campinas:221.

Wilheim,  J.  (1997).  O  que  é   Psicologia   Pré-Natal.   2a   Ed. São Paulo: Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda.